Nada sério

Não sei exatamente o que éramos. Ele sempre disse que me adorava, que eu “não era como as outras”. Nunca assumimos nada sério, apesar de trocarmos muitas mensagens e conversarmos por horas quando estávamos juntos. O sexo? Maravilhoso. Mas nada sério, nem amigos de verdade eu diria que fomos. Ele dizia que não queria um relacionamento sério, nem eu, por isso nos dávamos muito bem.

Mas eu me importava. Fazia mais ou menos um mês que não nos víamos. Certo dia, eu disse para ele que ia para uma festa, e obtive um pelo vácuo como resposta. Tudo bem, eu pensei em chama-lo, mas ele não se deu o trabalho nem de responder. Acho que essa tecnologia que permite saber se a pessoa visualizou a mensagem as vezes atrapalhava muito a sanidade mental.

Fui, dancei, me diverti para caramba, mas só isso mesmo.

No dia seguinte, já que não havia resposta à minha mensagem do começo da noite anterior, resolvi ligar. Chamou uma, duas, três vezes.

- Alô? – respondeu uma voz feminina.

Pensei ter discado o número errado, mas ainda assim respondi.

- Oi, desculpa, achei que era o telefone do Pedro. – falei, sem graça.

- E é, aqui é a namorada dele, quem fala?

E meu mundo caiu. Desliguei o telefone, e por segurança bloqueei o número. As palavras que pensei em dizer para ele sobre ter algo sério de verdade dançaram na ponta da minha língua. As lágrimas que brotaram no canto dos meus olhos ameaçavam cair enquanto eu lutava com todas as forças para que isso não acontecesse, porque se elas caíssem, eu cairia junto.

Não sei exatamente o que éramos. E agora, por não saber por tanto tempo, ser “namorada dele” agora era o verbo de outra pessoa.