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Lar


Oito horas da noite. São paulo. Cidade onde tudo parece se mover como se estivesse muito atrasado para algo. Eu era uma dessas pessoas. Apressada, calça social, camiseta, meus cabelos cacheados bem solto apesar do calor, acabara de voltar de uma entrevista não muito bem sucedida. Ainda estava desanimada com isso, mas a pressa era muita. Entro no metro, faço baldeação, entro em outro metro, e depois em mais outro, vou para o trem e sigo durante quase quarenta minutos pra meu destino final, cansada, derrotada, faminta. Tentava me concentrar na leitura, mas com o cansaço me vencendo a cada página virada. Opa, a voz estática e totalmente decorada anuncia que chegou na estação que preciso desembarcar. Desço, vou ao banheiro sujo, ajeito o cabelo, limpo o suor do calor do dia, e volto a estação. Não tenho noção de quanto tempo se passou desde que cheguei ali, mas o próximo trem já se aproximou e os passageiros desembarcaram. 
Então eu te vi, no meio deles, bonito, com um sorriso no rosto - e que sorriso - acenando para mim de forma brincalhona, como sempre.
Me aproximei, tímida, e não consegui dizer nada: lhe puxei para um beijo demorado. Um beijo sincero, buscando abrigo, afeto, lar.
Quando nos soltamos, nossos olhares se encontram, e me sinto aquela familiar sensação de ter a alma desnudada por esse olhar. Esse olhar que conhece cada centímetro do meu ser, que enxerga todos os meus sentimentos.
"Oi", lhe digo. E você, prontamente me responde, perguntando como eu estava.
E pronto. Temporariamente todo o cansaço se esvai. E fica apenas a sensação tão maravilhosa de estar em casa onde quer que eu esteja. Só preciso estar perto de você. E nada mais.
Joice Novaes, 27 anos, formada em Letras, escritora. Casada com o seu melhor amigo (Colaborador do blog)! Romântica, amante de livros, musica, filmes, séries, fotografias e muito mais.

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