Pular para o conteúdo principal

O parque.


Já era fim de tarde. Talvez fosse a ociosidade daquele sábado à noite, mas ele se pegou vendo memórias de sua infância. Não lembrava de muita coisa positiva -não que não tivesse-, a lembrança positiva mais nítida era de um parque ecológico que tinha em sua cidade. Lembrou dos domingos que passava ali com a família fazendo piquenique, andando de skate, brincando no playground… eram bons tempos, a única preocupação era ser feliz.

De repente, começou a pesquisar sobre o parque em que ia na infância e depois de alguns minutos de pesquisa, viu o que nenhum saudosista gostaria de ver. O parque estava abandonado, não tinha portões, os rios estavam sujos, as quadras esburacadas e a grama muito alta. Viu diversas reportagens sobre assaltos e tipos piores de violência que vinham ocorrendo naquele parque. Era difícil acreditar que aquilo estava acontecendo.

Resolveu que mesmo aquela hora, início da noite, iria visitar o parque. Se vestiu, saiu de casa e pegou o ônibus. Chegou no local já estava escuro. Ficou abismado com o que viu. O que era um parque ecológico, se tornara um parque dos horrores. 

Pior do que nas reportagens. Iluminação quase ausente a não ser por pequenas faíscas que surgiam na direção do mato que tomou conta de tudo, a cada 10 metros, via-se mulheres de roupa curta -ou quase nuas- na beira da estrada, a todo instante parava um carro, elas conversavam um pouco e entravam. De forma geral, o parque agora era um reduto de drogados, criminosos e prostitutas.

Mesmo ali, em um canto mais seguro, podia ver tudo. Começou a lembrar de maioria das vezes que sua família o levava naquele local. As brincadeiras, o jogo de futebol com o pai, o primeiro tombo de skate, a primeira manobra aprendida...tudo veio em um flashback. Um sentimento de indignação e tristeza tomou conta de si, sentiu uma lágrima escorrer, respirou fundo e saiu dali. Aquele ambiente, agora hostil, estava respirando por aparelhos há muito tempo, agora oficialmente era declarado como morto.
Arilson Câmara, 27 anos, formado Jornalismo, casado com a sua melhor amiga. Mais informações procurar o guichê 8.

Comentários

  1. Tô fazendo beicinho agora :(
    Mas é lindo demais!!!!

    Eu ameiiii ♥

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Imagina como eu fiquei escrevendo isso :(

      Excluir
  2. Respostas
    1. Quem sabe no futuro né, obrigado pelo elogio <3

      Excluir
  3. Tudo passa e nem sempre para a melhor.
    É triste ver estas coisas...
    Adorei teu cantinho, fiz uma promoção no meu blog de aniversário a qual tinham que me indicar um blog para visitar, e a Pâmella do http://blogloveinred.blogspot.com.br/ me indicou vocês.
    Adorei aqui e já estou seguindo.

    Abraço e bom final de semana

    http://mylife-rapha.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Olá, tudo bem?
    Gostei bastante do seu texto, acho que sem algum lugar ou coisa lembra a gente algum acontecimento marcante.
    Você escreve muito bem.
    Beijos
    http://amandastale.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, obrigado pelo elogio e fico feliz que você tenha gostado do texto. Todo mundo tem algum lugar que aconteceu algo parecido, pelo menos eu acho né.

      Excluir
  5. Triste realidade, o menino que lembrará com saudade de um tempo, esquecido... e agora morto! Pelo menos, ficou as lembranças, presentes na alma.

    ♡ http://blogloveinred.blogspot.com.br ♡
    ♡ https://www.instagram.com/blogloveinred ♡

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A única coisa positiva são as lembranças né... :\

      Excluir

Postar um comentário

Os comentários são moderados para que possamos dar maior atenção a cada um deles ♥